Este final de semana
de sol estive na praia, estou de férias e pela primeira vez em muito tempo
consegui voltar para casa numa segunda-feira à tarde, o que tornou a noite de
domingo um tanto quanto agradável, sem o pesar de saber que o dia seguinte é
segunda-feira e começa tudo de novo.
É preciso gostar do
trabalho para dedicar-se a ele por 20, 30, 40 ou 80 horas semanais. Não vou
discutir relações de trabalho e nem se são justas ou não, pois essa discussão
não tem fim. O que eu penso é que as regras da vida trabalho-casa-família tornam
a vida muito chata pela falta de tempo que impomos a nós mesmos.
Ponto 1: para viver é
preciso ter o mínimo de coisas materiais (pelo menos para mim, creio ser
impossível ser totalmente desapegada, mas acho que ainda vou encontrar muitos
exemplos por aí). Para isso, é preciso ter dinheiro. Para isso, é preciso
trabalhar. Para isso, é preciso tempo.
Ponto 2: para viver é
preciso se estabelecer em algum lugar, seja numa casa, num apartamento, numa
barraca, numa caverna, num hotel, numa cabana. Para isso, é preciso cuidar do
lugar. Para isso, é preciso tempo.
Ponto 3: para a
maioria das pessoas, família é tudo. É dela que viemos, é com ela que
convivemos boa parte da vida, é ela quem vai se despedir de mim quando morrer
(assim creio eu). Para isso, é preciso cultivá-la. Para isso, é preciso tempo e
dedicação. Muito amor. E muita paciência.
Tempo hoje virou
artigo de luxo, tanto é que compramos coisas, contratamos pessoas e pensamos o
tempo todo em como ter mais tempo. Talvez se usássemos este tempo de forma
melhor, teríamos que pensar menos sobre como economizá-lo.
Não sobra tempo para
as coisas importantes. Gastamos tempo demais no trânsito, comprando coisas que
não precisamos, navegando por páginas que não nos acrescentam nada, na
televisão assistindo a imbecilidades, na cozinha aquecendo pratos congelados
enquanto tomamos banho – já que não temos tempo para cozinhar – e reclamando
que falta tempo para por as coisas em dia. A casa não é cuidada, fica uma
bagunça. A família fica em segundo plano, não temos mais tempo para amar e para
ter paciência com os outros. E o trabalho fica atrasado, mas este não podemos
deixar de lado, afinal é o ganha-pão. É com ele que pago as contas de celular,
de internet, do supermercado, do shopping, da prestação do carro do ano, da
viagem pra Disney, da manicure, da empregada, do restaurante, dos presentes dos
filhos, da academia, dos cremes.
Se gastássemos menos
dinheiro com inutilidades, trabalharíamos menos e teríamos mais tempo para
cuidar, cultivar e amar. Sempre que fazemos algo que nos deixa bem, dizemos a
nós mesmos que deveríamos fazer aquilo mais vezes, mas não temos tempo para
isso. Tempo todo mundo tem, é só uma questão de escolha.
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